Como cuidar de alguém com Alzheimer?

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Se você é parente, cuidador ou faz parte da rede de apoio de alguém com esta doença, já deve ter feito a pergunta: como cuidar de alguém com Alzheimer? Esta questão é, de fato, muito importante. O Alzheimer não tem cura e, cada estágio da doença, deixa o paciente mais debilitado. No entanto, com a ajuda das pessoas ao redor, a pessoa com Alzheimer pode ter mais qualidade de vida.

Cada fase exige um preparo. As dicas que você vai conferir em seguida vão te ajudar a ser o melhor parceiro de jornada desta pessoa com Alzheimer.

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Fonte: Envato – bialasiewicz

Cuidar de alguém com Alzheimer é enfrentar uma jornada

Assim como qualquer outra doença neurodegenerativa, cuidar de alguém que tenha Alzheimer, pode ser uma jornada desafiadora. Podendo abalar o seu emocional. Como ainda não existe cura para a doença, a qualidade de vida do paciente está intimamente ligada ao papel de quem cuida.

À medida que as habilidades físicas, funcionais e de cognição da pessoa vão diminuindo, é provável e natural que surjam momentos de desânimo. Em nome da saúde do paciente, parentes e cuidadores chegam até a perder a própria qualidade de vida. O esgotamento emocional, a solidão e até a depressão tem sido recorrentes entre cuidadores.

Sabemos que não é fácil ver aquele seu parente ou amigo ir perdendo toda a essência de quem é. Ver suas memórias e suas experiências irem sumindo. No entanto, algumas estratégias podem tornar esse processo menos custoso – para você e para o paciente.

Como o Alzheimer muda a vida do cuidador

Os pontos listados a seguir são formas de você, como cuidador, entender como essa tarefa também é, certamente, recompensadora.

  • Cuidar é uma expressão de amor! Isto conecta você com a pessoa em um nível profundo. Se você já era próximo, pode se aproximar ainda mais. E, se não era, cuidar da pessoa pode ajudar a resolver diferenças de tempos passados.
  • Isso pode, sem dúvida, mudar a perspectiva que você tem da vida. Vendo os problemas de perto, isso pode levar você a entender mais o valor do tempo e da vida como um todo.
  • Cuidar pode te dar um propósito – pelo simples fato de estar, todos os dias, fazendo a diferença na vida de alguém.
  • Junto com o propósito, cuidar cria, também, um senso de compromisso. Assim, você busca melhorar habilidades úteis para o dia a dia e sua capacidade de encontrar soluções.
  • Por fim, cuidar deste parente é uma forma de dar o exemplo à sua família de como ter mais paciência e empatia. É possível envolver desde as crianças até os mais velhos nesta rede de carinho e atenção.

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Fonte: Envato – NomadSoul1

Como cuidar de alguém com Alzheimer nos estágios iniciais

Nos estágios iniciais, seu ente querido talvez não precise de tanta assistência. Por isso, seu papel inicial vai ser, principalmente, ajudá-lo a aceitar o diagnóstico. Contudo, apenas aceitar não é o suficiente. Juntos, vocês precisam planejar o futuro próximo, afinal, a vida não para. Neste momento, ajude o paciente de Alzheimer a manter a saúde e as atividades dentro da normalidade.

As fases iniciais, no entanto, não impedem que a família busque intervenções precoces. Todo esforço conta, de fato, para atrasar o avanço da doença.

Este é um período, também, para que todos os envolvidos aprendam a lidar com os conflitos emocionais. É muito importante deixar o paciente expressar a raiva, a frustração, a negação e o medo. Por isso mesmo é tão importante estimulá-lo a manter os hábitos que sempre deram sentido à vida e trouxeram alegria.

Uma sugestão é, você cuidador, fazer contato com redes de apoios organizadas. Seja presencial ou pela internet, há sempre grupos de conversas, treinamentos e aconselhamentos. Ainda que a experiência de cada pessoa seja diferente ao passar pela doença, trocar ideias e aprender habilidades pode ajudar a prever as dificuldades futuras.

Enquanto puder, permita ao paciente espaço para que ele siga com sua vida de forma independente. Um dia, infelizmente, isso não vai ser mais uma opção.

Pequenas intervenções possíveis

Se, por um lado, falamos sobre como é importante manter a independência e seguir a vida com normalidade, por outro, também é hora de começar pequenas intervenções. Existem algumas mudanças no estilo de vida que, certamente, vão ajudar a retardar pequenos problemas, como:

  • Praticar exercícios.
  • Comer e dormir bem.
  • Controlar o estresse.
  • Continuar socialmente e mentalmente ativo.

Porém, algumas intervenções são ainda mais pontuais:

  • Ajudar o paciente com a memória de curto prazo que é, deste modo, um dos primeiros sinais do Alzheimer.
  • Espalhar estrategicamente avisos e lembretes de compromissos, nomes de familiares, endereços, números de telefone, entre outras coisas.
  • Dar independência, mas apoiá-lo na verificação de tarefas importantes. Por exemplo, uso de medicamentos, pagamento de contas, tarefas burocráticas em geral.
  • Aproveitar os benefícios da tecnologia, como celulares ou notebooks, para incentivá-lo a ter lembretes, listas e relacionamento com outras pessoas.

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cuidando de idoso
Fonte: Envato – Twenty20photos

Alzheimer: como cuidar nos estágios intermediários

À medida que os sintomas do Alzheimer progridem, o paciente vai exigir, sem dúvida, cada vez mais ser cuidado. Não existe um momento em que o Alzheimer muda de fase. O grau de dependência é algo que vai ganhando forma gradativamente.

Algumas coisas que acontecem neste período são:

  • Perda de memória mais intensa.
  • O paciente começa a ficar perdido em ambientes que sempre lhe foram familiares.
  • Perda da capacidade de dirigir.
  • Pode não reconhecer amigos e familiares.
  • Confusão ao se comunicar.
  • Mudanças bruscas de humor.
  • Problemas para dormir.

Como cuidador, você, então, passa a ter mais responsabilidades. Sua assistência será mais próxima das tarefas simples do cotidiano. Isto vai exigir mais atenção, planejamento e determinação.

Porém, lembre-se de que você, como cuidador, não precisa resolver tudo sozinho. Busque ajuda de todos os outros familiares, amigos e qualquer pessoa que tenha capacidade de ajudar com algo. Elas vão, assim, te ajudar a equilibrar suas tarefas de cuidador com a sua vida pessoal.

Não pense que, ao pedir ajuda, você estará sendo negligente ou egoísta com seu ente querido. É apenas uma forma de manter o seu papel, de fato, em equilíbrio com o seu autocuidado também.

Faça um plano de rotinas diárias para o paciente de Alzheimer

Um plano de rotinas diárias úteis certamente vão dar consistência ao paciente de Alzheimer. Porém, é importante respeitar as limitações e ir atualizando essa rotina com o tempo. Confira algumas dicas:

  • Mantenha um senso de familiaridade e estrutura. Respeite horários fixos para atividades simples como: comer, receber visitas, dormir, caminhar, entre outras coisas. Isso vai, de fato, ajudar a pessoa a se orientar no espaço. Se a pessoa tiver dificuldade para entender em que período do dia ela está, treine dicas sensoriais. Você pode, por exemplo, tocar a mesma música toda vez que precisar indicar a hora de dormir.
  • Envolva a pessoa nas tarefas da casa no dia a dia. Pode ser, talvez, que ela não consiga mais colocar suas meias. Porém, talvez ainda consiga regar as plantas.
  • Ofereça atividades que estimule sentidos diferentes – visão, tato, audição, olfato, movimentação. Vale tudo que for prazeroso: cantar, dançar, caminhar, pintar…
  • Se for possível, leve este idoso para programas de atividades desenvolvidas especificamente para pessoas com alguma doença neurodegenerativa.
  • Organize as visitas de forma inteligente. Marque com os visitantes nos horários onde o paciente costuma estar mais relaxado. Aproveite para oferecer dicas aos visitantes de como se comportar diante da pessoa.
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Fonte: Envato – diego_cervo

Como lidar com as mudanças na comunicação do paciente de Alzheimer

Algo que é, de fato, visível na progressão do Alzheimer é a mudança na forma como eles se comunicam. Existe uma dificuldade maior de encontrar as palavras, eles podem repetir coisas ditas há pouquíssimo tempo ou ficam confusos e inquietos.

Porém, existe a necessidade de incentivar a continuidade das interações sociais. Você precisa deixá-lo seguro em vez de estressado com a dificuldade. Siga as dicas a seguir:

  • Seja paciente. Quando o paciente não encontrar a palavra, tenha cuidado para não inibir o desenvolvimento da frase.
  • Mantenha uma linguagem corporal que transmita calma, pois o idoso com Alzheimer vai reagir de acordo com seus movimentos e expressões.
  • Simplifique suas palavras. Utilize, assim, frases curtas e termos descomplicados. Você pode ter que repetir a mesma coisa de formas diferentes.
  • Evite perguntas relativas à memória de curto prazo. Em boa parte das vezes, o paciente não vai lembrar, por exemplo, do que vocês fizeram na noite anterior. E a dificuldade de lembrar essas coisas pode trazer um sentimento de humilhação.
  • Outra dica é evitar a condescendência, ou seja, sarcasmos e linguagem infantil.

Como cuidar de alguém com Alzheimer nos estágios avançados

Infelizmente, o estágio avançado é, sem dúvida, a fase final da doença de Alzheimer. A partir de agora, este idoso precisa ser monitorado 24 horas por dia. Além da incapacidade de fazer tarefas básicas, eles estão sujeitos a infecções, incontinência e alucinações.

O cuidador, neste momento, passa a viver um luto antecipado, tendo que tomar decisões cada vez mais complexas. Provavelmente, você vai precisar dividir mais todos os cuidados. É por isso que muitas famílias tomam a difícil decisão de colocar o idoso numa casa de repouso, onde possui cuidados cotidianos e hospitalares de um jeito ainda mais profissional e especializado.

Ao mesmo tempo que isso pode levar ao cuidador e demais parentes uma sensação de alívio, isso pode derivar um sentimento de frustração por não ser suficiente à pessoa que você tanto ama. Famílias com uma situação financeira melhor chegam a contratar serviços médicos dentro da própria casa, para que possam desfrutar dos últimos momentos do parente.

Ou seja, algumas coisas dependem da situação financeira e do quanto a família está emocionalmente estruturada para esta situação.

Independente da escolha, nunca devemos agir como se a pessoa não estivesse mais aqui. Procure fazer visitas frequentes e continue atento a todas as necessidades físicas e emocionais. Certamente, esses momentos finais vão ser muito mais recompensadores para você do que para o seu ente querido.

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Este artigo foi livremente adaptado do original Alzheimer’s and Dementia Care: Help for Family Caregivers, do portal HelpGuide.Org 

Colaborou com este artigo:

DR.THIAGO CAVENAGHI CASTANHEIRA
CRM 184.643