O que são métodos contraceptivos, como funcionam e mais!

O que são os métodos contraceptivos? Pode parecer uma pergunta um tanto ingênua, talvez até vinda de uma jovem mulher ainda na fase da puberdade. Mas a verdade é que há muitas mulheres adultas que ainda não sabem ou sabem muito pouco sobre o tema.

Considerando que a informação está ligada à qualidade de vida e, nesse caso, também ao poder de escolha, hoje vamos falar dos variados métodos contraceptivos disponíveis, explicar como cada um deles funciona e falar também da eficácia. Tudo isso para que a escolha por um ou outro método junto ao seu ginecologista de confiança seja feita de modo mais consciente. Continue a leitura!

O que são os métodos contraceptivos?

Antes de falar de métodos, é preciso entender o que é contracepção.

O que são métodos contraceptivos, como funcionam e mais!
Fonte: Envato – Foto de AtlasComposer

A contracepção é a prevenção da fecundação de um óvulo pelo espermatozoide (concepção) ou da aderência do óvulo fecundado ao revestimento interno do útero (implantação). ¹

Consequentemente, um método contraceptivo se refere à forma ou ao quê se utiliza para evitar que a gestação ocorra, a época de engravidar ou, ainda, no caso das mulheres que já possuem filhos, controlar o número de gestações – o chamado planejamento familiar. ¹

É importante falarmos em planejamento familiar porque antigamente era comum o pensamento que a mulher que faz uso de métodos contraceptivos não quer constituir família ou era “da vida” e que por isso seria uma mulher de “moral questionável”. Porém, isso não é verdade.

O tempo provou que fazer uso de um método contraceptivo é uma necessidade social e ao mesmo tempo de saúde pública. Afinal, gerar e cuidar de uma vida envolve inúmeros fatores. Além dos casos em que a gravidez pode colocar a vida da mulher em risco, por exemplo. ²

Por isso, a responsabilidade da prevenção ou controle da concepção não deve ficar apenas à cargo da mulher.

Divisão dos métodos contraceptivos

Os métodos contraceptivos se dividem em reversíveis e definitivos. Entre os métodos reversíveis podemos citar:

  • Métodos comportamentais ou naturais;
  • Métodos de barreira;
  • Dispositivo intrauterino (DIU);
  • Métodos hormonais;
  • Método de contracepção de emergência (pílula do dia seguinte).

Já os definitivos são os métodos cirúrgico (retirada do útero, ovários ou testículos) ou ou esterilização (ligadura das tubas e a vasectomia). Porém, nesse texto, o nosso foco serão os métodos reversíveis.

Métodos comportamentais ou naturais

Os métodos comportamentais funcionam com base na abstinência sexual periódica.

Fonte: Envato – Foto de seventyfourimages

Isto é, para utilizar esses métodos a mulher precisa aprender a identificar o início e o fim do período fértil do seu ciclo menstrual, dessa forma o casal pode aprender a evitar a gravidez. Ou seja, tais métodos que requerem a cooperação de ambos os parceiros.

Lista de métodos contraceptivos comportamentais ³

  • Calendário (tabelinha): a mulher marca em um calendário os dias  que correspondem ao início e ao término do período fértil. O número de dias depende da duração dos ciclos menstruais anteriores. Hoje em dia essa prática é facilitada por meio de aplicativos de controle do ciclo menstrual.
  • Muco cervical (Billings): quando a mulher nota ou sente o muco cervical, ela pode estar no período fértil. Assim, é comum que mulher tenha a sensação de que a vagina está mais úmida.
  • Temperatura corporal basal: a temperatura do corpo da mulher em repouso sobe levemente no período após a ovulação, que é o momento no qual ela pode engravidar. Sendo assim, para identificar esse momento, é preciso que a mulher verifique e registre a sua temperatura diariamente, sempre no mesmo horário, de preferência antes de se levantar da cama, e a temperatura a ser medida é a temperatura retal, quando esta aumenta em 0.5 grau é o dia da ovulação, ou seja, deve-se evitar as relações por 3 dias.
  • Sintotérmicos: consiste no uso combinado dos três métodos descritos acima, além de outros sinais que podem contribuir para detectar a ovulação de modo mais preciso como os testes de ovulação vendidos em farmácia, por exemplo. Geralmente utiliza-se a tabelinha e o muco cervical para estimar o início do período fértil e a temperatura basal para determinar o final.

Em todos esses métodos a contracepção se dá pela abstinência sexual nos dias férteis. Contudo, ao optar por não evitar as relações sexuais no período fértil é necessário fazer uso de preservativos.

Contraceptivos de barreira 4

Os contraceptivos de barreira incluem espermicidas vaginais (na forma de espuma, cremes e supositórios), preservativos, diafragmas, capuzes cervicais e esponjas contraceptivas.

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Fonte: Envato – Foto de Wavebreakmedia
  • Espermicidas vaginais: é um contraceptivo químico aplicado na vagina que diminui a capacidade de fecundação dos espermatozoides. Pode ser apresentado sob forma de creme, espuma e também comprimidos vaginais.
  • Preservativos: os preservativos, condom ou “camisinhas” como são popularmente conhecidos, além de prevenir a gravidez servem também de proteção contra doenças sexualmente transmissíveis, incluindo a infecção pelo HIV. O preservativo masculino deve ser colocado antes da penetração; a ponta deve ser estendida cerca de 1 cm além do pênis para armazenar o esperma. Já o preservativo feminino é uma bolsa com um anel interno e outro externo; o interno é inserido na vagina, e o anel externo permanece fora cobrindo o períneo. O preservativo feminino pode ser colocado algumas horas antes da relação sexual.
  • Diafragma: é uma capa de borracha flexível e de formato circular que cobre o colo do útero, impedindo a passagem dos espermatozoides. Deve ser sempre associado com a utilização de espermicidas.
  • Capuz cervical: é muito parecido com o diafragma, porém, menor e mais rígido.
  • Esponjas contraceptivas: possui formato de disco é ligeiramente côncavo e flexível. Feito de espuma de poliuretano seu tamanho é pouco maior do que um absorvente interno. Possui uma alça para facilitar a colocação e remoção. Dentro da esponja existe um espermicida que é liberado ao longo de 24 h no canal vaginal. 5

Dentre os métodos de barreira, o mais conhecido e difundido é o preservativo masculino.

Dispositivo intrauterino (DIU)6

Os dispositivos intrauterinos são artefatos de polietileno aos quais podem ser adicionados cobre, prata ou hormônios que, como o próprio nome sugere, são inseridos na cavidade uterina, exercem sua função contraceptiva.

Sua atuação como contraceptivo ocorre impedindo a fecundação e implantação, uma vez que tornam mais difícil a passagem do espermatozoide pelo aparelho reprodutivo feminino, reduzindo a possibilidade de fertilização do óvulo e tornando o endométrio hostil à recepção do embrião.

Para facilitar e considerando serem ambos dispositivos intrauterinos, unimos a explicação sobre o DIU de cobre/prata e o DIU hormonal.

Tipos de DIU

  • DIU de cobre/prata: é feito de polietileno e revestido com filamentos e/ou anéis de cobre e/ou prata. Atualmente os modelos TCu-380 A e MLCu-375 são os mais usados. Ambos estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).
  • DIU hormonal: também é feito de polietileno e libera, continuamente, pequenas quantidades de levonorgestrel, um tipo de progesterona sintética.

Os dispositivos intrauterinos podem ser inseridos a qualquer momento durante o ciclo menstrual, contudo, é preciso ter certeza de que a mulher não está grávida, que não apresenta má formação uterina e não existam sinais de infecção. Como pode ser um procedimento doloroso existe a possibilidade de realização de anestesia local (diretamente no colo ) ou anestesia por sedação. Normalmente em pacientes que já tiveram uma gravidez a dor é quase inexistente. E pode ser colocado em pacientes que nunca gestaram.

Métodos hormonais

Os métodos hormonais utilizam basicamente o estrogênio e as progestinas (medicamentos semelhantes ao hormônio progesterona), impedindo principalmente a liberação dos óvulos pelos ovários ou mantendo a densidade do muco no colo do útero elevada para que os espermatozoides não atravessem do colo para o útero. É, então, dessa forma que os métodos hormonais evitam que o óvulo seja fertilizado. 7

Os hormônios contraceptivos podem ser:

  • Tomados por via oral (pílulas);
  • Colocados na vagina (anéis vaginais)
  • Aplicados na pele (adesivo);
  • Implantados sob a pele;
  • Injetados no músculo.
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Fonte: Envato – Foto de Natabuena

Contraceptivos tomados por via oral (pílulas)

Os contraceptivos orais, muito conhecidos como pílula anticoncepcional ou apenas “pílula”, contêm hormônios combinados, seja uma combinação de progestina e estrogênio, ou uma progestina sozinha. 7

Basicamente a mulher deve tomar um comprimido ao dia, sempre no mesmo horário até o fim da cartela, quando há uma pausa de alguns dias que varia de acordo com o anticoncepcional escolhido. Hoje, existem versões com 21, 22, 24 e 28 dias. Para saber como tomar, como se dá a pausa no uso do anticoncepcional, leia o nosso texto especial sobre o tema clicando aqui.

Contraceptivos colocados na vagina (anéis vaginais) 7

Os anéis vaginais são objetos de silicone que a mulher insere na vagina. Eles liberam hormônios lentamente para prevenção da gravidez. O anel deve ficar no lugar por três semanas contínuas. Na sequência, a mulher deve retirá-lo e ficar uma semana sem usar – quando a menstruação ocorre. Após esse intervalo, um novo deve ser colocado.

Contraceptivos aplicados na pele (adesivo) 7

Os adesivos anticoncepcionais lembram muito os curativos, o adesivo é colado no corpo da mulher e os hormônios são absorvidos pela pele. Sua utilização lembra a do anel vaginal: três semanas com e uma semana sem o adesivo.

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Fonte: Envato – Foto de Prostock-studio

Porém, a troca do adesivo deve ser feita uma vez por semana. Assim, ele deve ser deixado em um lugar por uma semana, então removido e substituído por um novo, que deve ser colocado em um lugar diferente da pele.

Contraceptivos implantados sob a pele 7

Um implante contraceptivo é um pequeno bastão que contém progestina inserido na região interna do braço, acima do cotovelo ou região de flanco perto dos glúteos.

O procedimento para inserção do implante é rápido e feito com anestesia local. O implante libera o hormônio lentamente na corrente sanguínea e é eficaz por até 3 anos. Para retirada é feito uma nova anestesia no local, geralmente não são necessários pontos na pele.

Contraceptivos injetáveis

As conhecidas injeções anticoncepcionais são um método contraceptivo que traz progesterona ou associação de estrogênios com progesterona, com doses de longa duração. A injeção pode ser mensal ou trimestral e, a depender do tipo, pode ser aplicada no músculo (braço ou nádega) ou sob a pele.

Método de emergência (pílula do dia seguinte) 8

A pílula do dia seguinte é um método contraceptivo de emergência, ou seja, não deve ser utilizado de modo contínuo como a pílula convencional.

O que são métodos contraceptivos, como funcionam e mais!
Fonte: Envato – Foto de Farknot

Sua utilização é indicada para evitar uma possível gravidez em casos de: esquecimento do anticoncepcional, principalmente se tiver ocorrido mais de uma vez na mesma cartela, relação sexual desprotegida ou falha do preservativo  (camisinha) e também em caso de violência sexual.

Por se tratar de uma medida emergencial, o tempo é crucial é para que o método funcione. Logo, a medicação ainda pode ser tomada em até 72 horas depois da relação sexual desprotegida. Contudo, a efetividade já apresenta queda após 12 horas.

Qual a diferença entre a pílula do dia seguinte de 1 e de 2 comprimidos? 9

A diferença é que a cartela com um comprimido apresenta dosagem de 1,5 mg, enquanto a cartela com dois apresenta 0,75 mg cada, totalizando as mesmas 1,5 mg.

Assim, ao optar pela cartela de um comprimido toma-se o medicamento apenas uma vez. Enquanto, na cartela com dois comprimidos a ingestão é feita com 12 horas de intervalo entre um e outro.

Mesmo agora que você já sabe um pouco mais sobre os métodos anticoncepcionais, é importante lembrar que o uso do preservativo, seja masculino ou feminino, é indispensável. Afinal, é ele que protege contra as doenças sexualmente transmissíveis.

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Colaborou com esse artigo:

Dra. Karen Rocha De Pauw
Ginecologista – CRM-SP 106923
Site: www.doutorakaren.com


Referências bibliográficas e datas de acesso:

1 – MSD Manual – 23/08/2020

2 – Febrasco – 23/08/2020

3 – Manual de Anticoncepção Online – 23/08/2020

4 – MSD Manual –23/08/2020

5 – Clínica BedMed – 23/08/2020

6 – BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. 
Assistência em Planejamento Familiar: Manual Técnico. 4a ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. – 23/08/2020

7 – MSD Manual – 24/08/2020

8 – Unimed Fortaleza – 24/08/2020

9 – Protocolo para Utilização do Levonorgestrel na Anticoncepção Hormonal de Emergência – 24/08/2020