Assistência pré-natal: atenção à saúde da mulher e do bebê

Assistência pré-natal e a atenção à saúde da mulher e do bebê

Para que a gravidez transcorra com segurança são necessários cuidados. Essa é uma verdade indiscutível. Mas o que nem todo mundo sabe é que esses cuidados vão além da gestante, eles também incluem o parceiro e a família. Tudo isso com o com o acompanhamento de profissionais de saúde. É a chamada: assistência pré-natal.

Para entender quais são as prioridades, do ponto de vista médico, vamos ouvir o que a Drª. Karen Rocha De Pauw, ginecologista e obstetra, tem para compartilhar:

Como vimos, atenção básica durante a gravidez inclui a prevenção, a promoção da saúde e o tratamento de problemas que possam acontecer durante a gestação e o pós-parto. Agora que você sabe disso, vamos entender um pouco mais da assistência pré-natal, pois ela é muito importante para a saúde da mulher e do bebê.

O que é assistência pré-natal e porque ela é importante

O principal objetivo da assistência pré-natal é acolher a mulher desde o início de sua gravidez – período de mudanças físicas e emocionais –, que cada gestante vivencia de modo diferente.

É comum pensar que o pré-natal se resume a uma série de consultas e exames. Eles são muito importantes (claro). Mas nós também não podemos nos esquecer que as transformações pelas quais a mulher passa durante a gestação podem gerar medos, dúvidas, angústias ou simplesmente a curiosidade de saber o que acontece no interior de seu corpo.

Assim, é função dos profissionais de saúde dar toda atenção necessária e procurar responder às dúvidas e, na medida do possível, acalmar as angústias e medos. Por isso, a assistência pré-natal se torna muito importante, ela vai além do acompanhamento fisiológico da mulher e do bebê.

Objetivos da assistência pré-natal ¹

  • Preparar a mulher para a maternidade, oferecendo informações educativas sobre o parto e o cuidado com a criança (puericultura)
  • Aconselhar sobre hábitos de vida e higiene pré-natal
  • Orientar quanto à manutenção de um estado nutricional apropriado
  • Sinalizar e orientar quanto ao uso de medicamentos que possam afetar o feto ou o parto, ou à adoção de medidas que possam prejudicar o feto
  • Controlar as manifestações físicas próprias da gravidez
  • Tratar doenças que, de alguma forma, interfiram no bom andamento da gravidez
  • Fazer prevenção, diagnóstico precoce e tratamento de doenças próprias da gestação ou que sejam intercorrências previsíveis dela
  • Verificar e garantir a atualização da carteira de vacinação da gestante (vacinas da gripe, hepatite B e dTpa)
  • Orientar psicologicamente a gestante para o enfrentamento da maternidade
  • Nas consultas médicas, orientar a mulher com relação a dieta, sono, hábitos intestinais, exercícios, vestuário, recreação, sexualidade, hábitos de fumo, álcool, drogas e dar outras instruções que se façam necessárias

Embora cada gestação seja única, há protocolos a serem seguidos nesse acompanhamento pré-natal. Vamos ver o que o Ministério da Saúde recomenda.

Frequência de visitas ao médico ²

Segundo a recomendação de acompanhamento pré-natal do Ministério da Saúde, no Sistema Único de Saúde (SUS), as consultas seguem um cronograma conforme o tempo de gestação:

  • primeira consulta – o mais cedo possível
  • até a 34ª semana – mensalmente
  • da 34ª até a 36ª semana – quinzenalmente
  • da 36ª até o parto – semanalmente

Algumas mulheres podem apresentar complicações, o que exige acompanhamento especializado. Neste caso, a gestante é encaminhada ao serviço de pré-natal de alto risco, uma assistência a mais que é somada ao acompanhamento já iniciado. Nesses casos o cronograma das consultas pode variar dependendo da patologia em questão.

Assistência pré-natal: exames

pré natal exames
Fonte: Envato – Foto de Anna_Om

Durante o pré-natal, avaliar e acompanhar a saúde da mulher e do bebê é essencial. Por isso, uma série exames são realizados em diferentes etapas da gestação; eles tem o objetivo de avaliar a saúde da mãe, o risco de transmissão de doenças para o bebê, identificar malformações etc.

Primeiro trimestre

Os exames do primeiro trimestre de gravidez são os mais importantes, pois guiam o resto da gestação.

Os exames de sangue e de urina são os primeiros a serem realizados. Através deles é possível obter informações que vão determinar se a gravidez possui algum risco específico, confirmar  alterações hormonais, a ausência de anemia, o risco de diabetes gestacional e inclusive o nível de imunidade para combater infecções.

Os exames do primeiro trimestre são os mais exaustivos já que são os primeiros a serem realizados e, portanto, precisam incluir todas as informações importantes para um pré-natal completo e que atenda às necessidades individuais da gestação.

Lista dos exames recomendados:

  • Tipo sanguíneo e fator Rh
  • Teste de Coombs indireto nas pacientes Rh negativo (serve para dizer se a mãe está formando anticorpos contra o sangue do bebê)
  • Hemograma
  • Urina tipo I
  • Urocultura e antibiograma
  • Glicemia de jejum
  • Exame parasitológico de fezes
  • Citologia cérvico-vaginal (Papanicolaou)
  • Sífilis (VDRL)
  • Sorologia ELISA anti-HIV, hepatite B (HBsAg e anti-HBs), hepatite C (HCV)
  • Toxoplasmose (IgG e IgM) e citomegalovírus (IgG e IgM)
  • Sorologia para rubéola
  • TSH (exame de tireoide)
  • Pesquisa de Chlamydia trachomatis (no colo uterino)
  • Ultrassonografia de primeiro trimestre

Além da primeira ultrassonografia, que confirma a gravidez, entre 11 semanas e 13 semanas é feita a ultrassonografia morfológica de primeiro trimestre, exame de imagem importante para estabelecer o risco de o feto ter síndrome cromossômica, representada principalmente pela Síndrome de Down (trissomia do cromossomo 21). ³

Mais recentemente existe a possibilidade de realização de um teste de rastreamento de alterações genéticas do bebê que se chama Teste Pré-natal Não Invasivo (NIPT). Trata-se de teste genético de última geração que usa uma amostra de sangue da mãe para analisar o DNA fetal circulante no sangue materno. Ele detecta algumas alterações cromossômicas, como a Síndrome de Down, que podem impactar a saúde do bebê. Esse exame pode ser colhido a partir da 9ª semana de gravidez.

Exames de segundo trimestre

Direcionados à avaliação do desenvolvimento do bebê, os exames do segundo trimestre devem ser realizados entre a 13ª e a 27ª semana de gestação.

O segundo trimestre é considerado mais tranquilo por muitas mulheres. Isso também reflete nos exames feitos durante a assistência pré-natal, quando muitos exames são repetidos para fins de acompanhamento.

Veja quais são os exames indicados para o período: 4

  • Hemograma completo
  • Teste de Coombs indireto sequencial nas pacientes Rh negativo
  • Sorologia para sífilis (VDRL)
  • Teste oral de tolerância à glicose (TOTG – 75g, 2h) de 24 a 28 semanas para pacientes com glicemia inferior a 92 mg/dL no início da gestação.
  • Sorologia para toxoplasmose, IgG e IgM – repetir trimestralmente se for IgG não reagente, isto é, se a paciente não for imune à doença
  • Hepatite B (HBSAg e anti-HBs) – se a paciente não tiver recebido a vacina e não estiver imune
  • Ultrassonografia obstétrica

Um dos principais exames da gravidez, o ultrassom morfológico é realizado entre a 18ª e 24ª semana de gestação a fim de avaliar todo o desenvolvimento do bebê, uma vez que a maioria dos órgãos já se formaram no primeiro trimestre. Assim, além de avaliar o coração, rins, bexiga, ossos e membros do bebê, por meio do ultrassom morfológico é possível verificar o cordão umbilical, o líquido amniótico e a placenta.

Caso alguma alteração seja detectada, o obstetra já pode começar a planejar a intervenção para minimizar consequências. Nesse ultrassom muitas vezes também é revelado o sexo do bebê.

Exames de terceiro trimestre ²

Ao entrar no terceiro trimestre é comum que a preocupação com os preparativos para o nascimento aumente, mas é fundamental que a mulher continue com seu pré-natal em dia.

O terceiro trimestre é o período entre a 28ª semana de gestação e o nascimento. Nesse momento, a assistência pré-natal se volta ao acompanhamento final do desenvolvimento do bebê e controle da data do seu nascimento. Além do exame clínico com avaliação da pressão arterial, altura da barriga, também chamado de medida da altura uterina, dentre outros, vamos ver quais são os exames dessa fase:

  • Ultrassom obstétrico
  • Perfil biofísico fetal
  • Hemograma completo
  • Sorologias para sífilis, toxoplasmose, hepatite B e HIV
  • Urina I com urocultura/antibiograma
  • Cultura seletiva para estreptococo β hemolítico de introito vaginal e perianal
  • Ecocardiografia fetal quando necessário
  • Cardiotocografia basal anteparto

Sobre o controle da pressão arterial, é importante ressaltar que esse acompanhamento que deve acontecer em todas as fases da gravidez, pois essa medição evita o parto prematuro ou a eclampsia – que pode acontecer quando a pressão da gestante está muito alta.

No último mês de gravidez, é comum que a frequência de visitas ao médico seja maior, até semanalmente, para evitar qualquer complicação. Afinal, não existe alta do pré-natal, ele só acaba com o nascimento do bebê.

Saúde além da barriga: pré-natal odontológico 5

Como dissemos no início do texto de hoje, a assistência pré-natal inclui a prevenção, a promoção da saúde e o tratamento de problemas que eventualmente venham a ocorrer durante a gestação. Assim, os cuidados com a saúde bucal da mulher gestante também devem fazer parte de um pré-natal completo.

pré-natal odontológico
Fonte: Envato – Foto de leungchopan

O pré-natal odontológico é o momento que o dentista observa a saúde bucal da gestante para evitar que problemas existentes se agravem e prevenir outras doenças bucais, a fim de contribuir para a saúde da mulher e do seu bebê. Além disso, o dentista pode ajudar a esclarecer as dúvidas sobre o aleitamento materno, hábitos e higiene oral do bebê.

O ideal é que o acompanhamento junto ao dentista seja feito durante os nove meses de gestação. Iniciando entre o primeiro e o segundo mês de gestação, com consultas periódicas a cada três meses, ou conforme orientação específica.

A assistência pré-natal garante uma gestação tranquila

Como vimos, além dos exames e acompanhamento da saúde mulher e do bebê, durante o pré-natal, as gestantes também recebem orientações sobre como manter uma alimentação saudável, prática de atividades físicas e a importância de se evitar o álcool, o cigarro e outros tipos de drogas.

Por isso, certifique-se de realizar todos os exames e testes listados nesse texto, e também todos outros indicados pelo seu médico. Além disso, procure seguir as orientações para manter a sua saúde e a saúde seu filho(a). Seguindo essas orientações, suas chances de ter um parto parto tranquilo e uma recuperação mais rápida são muito maiores!

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Colaboraram com esse artigo:
Dra. Karen Rocha De Pauw
Ginecologista – CRM-SP 106923
Site: www.doutorakaren.com

Dra. Adriana Bittencourt Campaner
Ginecologista – CRM-SP 75482


Referências bibliográficas e datas de acesso

1 – FEBRASGO – Manual de Assistência Pré-natal – 29/03/2020

2 – Ministério da Saúde – Caderneta da gestante – 29/03/2020

3 – NACE – 29/03/2020

4 – Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo – 30/03/2020

5 – Saúde Abril – 31/03/2020